A taxinha furou o pneu do trem...

                                                                     
  Amigo inseparável dos papos do "café do grupo Ademir", Josué MASTRODI me contou algumas passagens de sua vida bem vivida. Uma delas é de como enfrentava a classe barulhenta com tantos jovenzinhos a mil por hora. E deu esta leve crônica publicada em homenagem ao professor.


A taxinha furou o pneu do trem...

                         - Celso Gagliardo - 

As agruras dos professores para conter a energia vulcânica de crianças e adolescentes dariam um livro — e dos grossos. É consenso que hoje é mais difícil, com a tal “liberdade excessiva” e o desregramento social. Mas, cá entre nós, em tempos antigos também havia desafio… e muita criatividade para domar a tropa.

Tenho o privilégio de conviver com alguns mestres e mestras, e às vezes, entre um café e outro, vejo cenas de ex-alunos que, décadas depois, ainda chegam com aquele “Olá, professor! Lembra-se de mim?”. Nessa hora, meu lado curioso fica matutando: o que é que o sujeito fez para deixar uma marca tão boa na memória desses jovens — que já nem tão jovens são?

Meu amigo Josué Mastrodi lecionou por mais de 20 anos para milhares de alunos americanenses e tinha seus truques para lidar com turmas de 40 adolescentes em ebulição. Um deles era entrar na sala ajeitando a calça ou o cabelo, como se fosse um ritual. Outras vezes circulava entre as carteiras, olhando e cumprimentando um a um. Quando queria, puxava uma musiquinha engraçada — e até de trás pra frente! A mais famosa atravessou gerações:

> “A taxinha furou o pneu do trem… A taxinha furou… furou… o pneu do trem…”

Com esses gestos e cantigas, acalmava a turma sem perder o charme. Quando precisava repreender, às vezes só chamava o aluno para ficar ao seu lado, em silêncio. O recado estava dado — e o aluno sabia.

Hoje, décadas depois, Josué ainda recebe abraços e reverências que ele jura não entender. Mas eu entendo. E, mesmo correndo o risco de ser xingado (carinhosamente) quando ele ler isso, faço aqui um brinde a ele e a todos que enfrentam — ou já enfrentaram — as batalhas diárias do magistério.

Porque, no fim, educar é como segurar um trem em movimento… às vezes, com uma simples taxinha.                                                                    


Comentários

Clodoaldo disse…
Parabéns pro Celso que escreveu a crônica, parabéns pro Mastrodi que não foi só professor, mas um mestre na educação de muitos americanenses.

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