O tempo passa célere e fugaz.
A vida moderna, conquanto se nos possibilita acesso aos bens de consumo, nos coloca numa roda viva competitiva, fazendo-nos máquinas programadas e "linkadas" via aparelhinhos da tecnologia moderna, levando-nos simultaneamente à multiplicidade de assuntos, tudo passando muito rápido.
Foi-se o tempo de jogar conversa fora de forma descontraída, o papo na soleira da porta, compadres e comadres se confraternizando ao redor de um fogão de lenha, comendo pipoca e falando do quase nada, de banalidades.
Mas o que me levou a essa reflexão foi um passeio pelas ruas da Sta. Bárbara atual, numa manhã gostosa. Muita saudade de meus tempos de infância, do grupo escolar, do Ginásio no Emílio Romi, da praça central de tantos footings, dos cinemas que já não mais existem, das usinas que produziam fuligem mas também tantos empregos e um certo ar de vida rural e saudável.
Circulando pelas nossas ruas, acessei minha região originária, na Vila Bética, hoje quase zona central. Quem viu um “valo” imenso com um pequeno córrego, naquela região entre Bética e Borges, hoje se depara com casas e mais casas, coladinhas e valorizadas. Um crescimento previsível, com certeza.
Mas, o que mais chamou a minha atenção naquela rua onde nasci, a Maria Tunucci Bética, foram as casas absurdamente fechadas, trancadas, gradeadas “até os dentes”, contrapondo-se aos meus doces tempos de portões abertos, vida fácil de gente livre.
Fiquei refletindo, indignado, imaginando as pessoas presas em suas residências, possivelmente cercadas de conforto, mas fugidias, escondidas do inimigo, do mau que a qualquer momento pode nos atacar. Sinais dos tempos? Para onde caminhamos, ó meu Deus.
Mas o passeio foi trazendo à mente as pessoas de meu tempo, famílias inteiras, amizades que o tempo amarelou mas que o coração se não permite esquecer. Pessoas importantes que permearam o meu consciente e inconsciente num tempo de formação e muita informação. E daí um desfile de lembranças, do Adail Ribeiro e os bons papos de nossa política, dos Furlan, do João Duarte rei da tesoura, do Lauro Martins que se foi, da esposa Dorothea, das famílias Assad Salum, Ganeo, Graciani, Zanatta, Albino, Iatarola, Edmur Cunha, Oswaldo Ramos.
Voltei no tempo e me recordei da Escola Inocêncio Maia, ali entre a 13 e Monte Castelo. Da profa. D. Lourdes Beozzo Franchi, do diretor Flávio, e tantos outros mestres pacientes que me impulsionaram no saber. Do seu Alfredo zelador austero e sempre presente.
Lembrei-me também de amigos de tipografia, das oficinas dos jornais, desde o Edgar Giaccobbe que me deu a primeira oportunidade – obrigadão, meu caro! -, ao Ari Bueno (Gráfica Sta. Bárbara) que já se foi deste mundo. Onde estariam o Ditinho, o João Marchesi, o João Barboza, o Sérgio Ciela linotipista, o Tião Atanaz, o bom Capetta e o Cornélio Aranha Neto? Impossível não lembrar-se do mestre Francisco Pinhanelli, que me impulsionou no mundo da redação com sua pena invejável no Jornal d'Oeste de tantas jornadas, depois com o Wanderley e o saudoso Tico Maia com quem dividi bons choppes no Giovanetti. Saudades do Carlão Bueno de Camargo, colega de ginásio e depois “sócio” na “Folha”? E o Nelsão Prezotto? E o Cacau Carvalho que se foi precocemente deste mundo?
Muita saudade de um tempo que jamais voltará. Vida simples e intensa. Cadê o Laércio Zancan das filosofadas e andanças de solteiro? E o saudoso Zé Mondin de tantas jornadas com a sua Brasília azul? E o Zé Lúcio Pereira? este pelo menos ainda se encontra para um café comigo. Já o grande companheiro Carlos Euzébio, o alegre Zebinho bom de bola, foi chamado para um time melhor e nos deixou tristes, e sem tempo de realizarmos “aquele churrasco” com a turma da formatura.
Meus pensamentos passearam também pelos tempos da Romi, berço de outra paixão profissional até hoje presente em minha vida – os Recursos Humanos. Muitos amigos como o José Lázaro de Morais "in memorian", Nazatinho, Pastrello, Icassatti e Luiz de Barros, o Reginaldo Pinto Ferraz gestores-amigos, primeiros mentores de um bom tempo, e alguns outros já se foram e estão sempre presentes em nossas mentes, como o Mário Leão Ramos, dona Mafalda, Toni Rezende de Castro, Irson Justi, Abilio Bryan, Marcelo Rangel, Luiz Agostinho. Quanta saudade, não é mesmo, historiador amigo Antonio C. Angolini?
“Oh, Sta. Bárbara querida”.... Terra de gente solidária e receptiva. Vi, vivi e convivi com as lideranças comunitárias desde os tempos do carismático Dirceu Carneiro. Depois com Bráulio Pio e Ângelo Giubbina. Depois com Landucci, Isaias Romaninho, o corintiano Zé Maria, Álvaro Correa, Adilson Basso e mais recentemente o Dênis - filho do Laerson Andia, meu colega de colegial. Preferências políticas à parte, quanta história!
E cadê a turma de meu tempo nas comunicações? Cadê o J.J.Bellani, essa enciclopédia de nossos esportes? A Maria da Graça, o Rubinho Fornazari, o Marcel Cheida, o Marcão Maracanã tão grande e determinado? E o Natale Giacomini, tantos anos de microfone na Rádio Brasil? E o seu Zé Naidelicce de muitas histórias, desde o Alto Falante 9 de Julho à Edição Barbarense, que iniciou o Nazatinho nos negócios da mídia impressa? Cadê meu amigo e linotipista de então, o Laércio Scaramal?
Certamente estou sendo injusto com outros que perdoarão a não citação, como meu primo Valter de Carvalho de bons tempos tipográficos. Não haveria espaço suficiente para tanta gente amiga, famílias inteiras, numa simples e despretensiosa coluna de jornal.
Toda essa gente formam lembranças doces que aqueceram meu coração numa manhã fria, clara e linda, de outono, na Santa Bárbara d´Oeste que jamais esquecerei.
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