Pedagios na SP304 e o desconforto de agentes públicos


Pedágios na SP-304 e o desconforto de agentes públicos                        

 >>>  Em abril de 2025 o Governo Estadual ameaçou instalar pedágios ponto a ponto na rodovia SP304 e na antiga rodovia que liga Santa Bárbara a Piracicaba, passando pelo distrito de Tupi. A reação popular adversa fez Tarcísio recuar, excluindo-as do plano. A expectativa agora é de que os investimentos necessários não cessem. O texto salienta o desconforto de políticos governistas com a matéria. 
                                                                                            -  Celso Luís Gagliardo –

A notícia caiu como uma bomba na mídia. O Governo estadual estaria estudando a possibilidade de instalar cinco portais de cobrança de pedágios em pontos estratégicos da rodovia SP-304, denominação que homenageia um agrônomo iluminado, Luiz de Souza Queiroz, e na antiga rodovia Margarida da Graça Martins, nome em homenagem à fundadora de Sta. Bárbara.

Rapidamente, vieram as atualizações. O estudo se encontra bem avançado, com essas vias de ligação de Americana/Sta. Bárbara até Piracicaba tendo sido incluídas num pacote de privatizações com estradas de outra região.

À primeira vista péssima notícia. Vai aumentar os custos de transportes e locomoção, e consequentemente afetar o preço de mercadorias que consumimos, com mais inflação. Não somente isto. Essa rodovia vem num crescendo de utilização, mostrando-se nos horários de manhã e fim de tarde como uma verdadeira avenida tal o número de veículos em circulação.

Grande parte desse tráfego é de uso urbano, dada à conurbação – fenômeno de junção entre cidades, efeito de Americana colada à Santa Bárbara e assim praticamente até o distrito piracicabano de Tupi, com bairros, distritos industriais e outros empreendimentos às suas margens. Cidadãos que a utilizam para o trabalho, saúde ou estudo, para necessidades do cotidiano, movimentação de um ponto a outro dentro da própria cidade.

Em consequência, vem aumentando o número de acidentes, colisão de veículos e atropelamentos, ainda mais com a crescente utilização de motocicletas. É preciso investimentos na rodovia, construção de marginais ou duplicações, passarelas e obras de arte que custam caro, por isso a opção da privatização. O privado arrecada e assume o ônus de fazer, isentando o Estado de assumir mais esse encargo.

Como já pagamos altos valores de impostos, corroendo quase um terço de nossos orçamentos, tudo o que o Governo acena em cobrar “a mais” soa demasiado, e todos reagem, especialmente os agentes públicos que detém a representação popular. E dá para imaginar o desconforto de algumas lideranças, prefeitos especialmente, pois a região apoia declaradamente o atual Governo de São Paulo.

Ainda assim, uma grande onda contra a privatização da SP-304 está se formando, com frentes parlamentares e discursos que irão correr solto nas audiências públicas para debater as medidas. Vereadores aparecendo em fotos mostrando-se marrudos a protestar contra a cobrança, e alertando principalmente o quanto irá onerar as pessoas que utilizam com frequência diária, de rotina, essas rodovias.

Por outro lado, o Governador já sinalizou que as audiências públicas poderão modificar o formato do projeto, para não prejudicar usuários frequentes, por exemplo, ou mesmo retirar esse trecho da privatização, mas alertou que assim a SP-304 ficará ”sem investimentos”.

Sintetizando: Com a cobrança moderna, por quilômetro tipo “free flow”, sem cabines, haverá melhorias no trecho. Sem isso, vamos conviver com o perigo, que somente aumentará com o passar do tempo. Também uma péssima notícia.

Nós utilizamos as melhores rodovias no Estado porque pagamos pedágio. O próprio setor de empresas de transportes de carga defendeu a cobrança, certamente comparando o custo agregado versus a deterioração da frota por estradas esburacadas ou estranguladas, como ocorre noutras regiões do País. Investimentos e modernização trazem mais segurança, evitam acidentes com mutilações e mortes.

Dá para sentir nas manifestações de alguns clara inquietação, porque sabem que o pedágio será bom porque talvez a única forma para termos o tráfego que todos esperam, seguro e eficaz. Por outro lado, se defenderem abertamente irão contra a vontade geral da população usuária, que não suporta mais cobranças, já arcam com o IPVA dos veículos, boa parte ainda faz seguro preocupada com furtos, principalmente, e paga até para estacionar em áreas urbanas centrais.

Enfim, em pauta assunto importante e delicado. Como os efeitos do dilema do cobertor curto, se puxar para um lado, descobre. Se para outro, também!  

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