Pedagios na SP304 e o desconforto de agentes públicos
Pedágios na SP-304 e o desconforto de agentes públicos
A notícia
caiu como uma bomba na mídia. O Governo estadual estaria estudando a
possibilidade de instalar cinco portais de cobrança de pedágios em pontos
estratégicos da rodovia SP-304, denominação que homenageia um agrônomo
iluminado, Luiz de Souza Queiroz, e na antiga rodovia Margarida da Graça
Martins, nome em homenagem à fundadora de Sta. Bárbara.
Rapidamente,
vieram as atualizações. O estudo se encontra bem avançado, com essas vias de
ligação de Americana/Sta. Bárbara até Piracicaba tendo sido incluídas num
pacote de privatizações com estradas de outra região.
À primeira
vista péssima notícia. Vai aumentar os custos de transportes e locomoção, e
consequentemente afetar o preço de mercadorias que consumimos, com mais
inflação. Não somente isto. Essa rodovia vem num crescendo de utilização, mostrando-se
nos horários de manhã e fim de tarde como uma verdadeira avenida tal o número
de veículos em circulação.
Grande parte
desse tráfego é de uso urbano, dada à conurbação – fenômeno de junção entre cidades,
efeito de Americana colada à Santa Bárbara e assim praticamente até o distrito
piracicabano de Tupi, com bairros, distritos industriais e outros
empreendimentos às suas margens. Cidadãos que a utilizam para o trabalho, saúde
ou estudo, para necessidades do cotidiano, movimentação de um ponto a outro
dentro da própria cidade.
Em
consequência, vem aumentando o número de acidentes, colisão de veículos e
atropelamentos, ainda mais com a crescente utilização de motocicletas. É
preciso investimentos na rodovia, construção de marginais ou duplicações,
passarelas e obras de arte que custam caro, por isso a opção da privatização. O
privado arrecada e assume o ônus de fazer, isentando o Estado de assumir mais
esse encargo.
Como já
pagamos altos valores de impostos, corroendo quase um terço de nossos
orçamentos, tudo o que o Governo acena em cobrar “a mais” soa demasiado, e
todos reagem, especialmente os agentes públicos que detém a representação
popular. E dá para imaginar o desconforto de algumas lideranças, prefeitos
especialmente, pois a região apoia declaradamente o atual Governo de São Paulo.
Ainda assim,
uma grande onda contra a privatização da SP-304 está se formando, com frentes
parlamentares e discursos que irão correr solto nas audiências públicas para
debater as medidas. Vereadores aparecendo em fotos mostrando-se marrudos a
protestar contra a cobrança, e alertando principalmente o quanto irá onerar as
pessoas que utilizam com frequência diária, de rotina, essas rodovias.
Por outro
lado, o Governador já sinalizou que as audiências públicas poderão modificar o
formato do projeto, para não prejudicar usuários frequentes, por exemplo, ou
mesmo retirar esse trecho da privatização, mas alertou que assim a SP-304
ficará ”sem investimentos”.
Sintetizando:
Com a cobrança moderna, por quilômetro tipo “free flow”, sem cabines, haverá
melhorias no trecho. Sem isso, vamos conviver com o perigo, que somente
aumentará com o passar do tempo. Também uma péssima notícia.
Nós
utilizamos as melhores rodovias no Estado porque pagamos pedágio. O próprio
setor de empresas de transportes de carga defendeu a cobrança, certamente
comparando o custo agregado versus a deterioração da frota por estradas
esburacadas ou estranguladas, como ocorre noutras regiões do País. Investimentos
e modernização trazem mais segurança, evitam acidentes com mutilações e mortes.
Dá para
sentir nas manifestações de alguns clara inquietação, porque sabem que o
pedágio será bom porque talvez a única forma para termos o tráfego que todos
esperam, seguro e eficaz. Por outro lado, se defenderem abertamente irão contra
a vontade geral da população usuária, que não suporta mais cobranças, já arcam
com o IPVA dos veículos, boa parte ainda faz seguro preocupada com furtos,
principalmente, e paga até para estacionar em áreas urbanas centrais.
Enfim, em
pauta assunto importante e delicado. Como os efeitos do dilema do cobertor
curto, se puxar para um lado, descobre. Se para outro, também!
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