Motocicletas e o alarmante número de acidentes


MOTOCICLETAS E O ALARMANTE NÚMERO DE ACIDENTES

 >>>  Incrível como estamos nos acostumando com tantos acidentes com motocicletas. O ser humano não pode banalizar a morte, a mutilação. Sabemos que a solução é difícil, há muita sedução à utilização de motocicletas principalmente para fins de trabalho. Muito útil. Mas o preço é muito alto, vidas humanas que se vão, ou ficam ocupando leitos nos hospitais, e a sofrer. 


Motocicletas e o alarmante índice de acidentes

                                        - Celso Gagliardo –

Susto 1. Numa avenida de trânsito razoável, paramos no semáforo em fila dupla, e ... puuuumbaaa.... impacto de algo no corredor da fila de carros esperando abertura do sinal. Duas motocicletas entram no corredor, um levando a esposa da saída do trabalho e o outro entregador de fastfood. Lógico, o espaço ficou apertado, um toca no outro, desequilibram-se e atingem dois carros, riscando levemente e levando retrovisor. Felizmente, levantaram-se todos bem.

Susto 2. A caminho do Teatro, início de noite também, rua calma de mão dupla, entro à esquerda e topo de frente com a motocicleta de um entregador ultrapassando um veículo em trecho de faixa contínua. Freio o carro para dar tempo para o moço voltar sem ser atingido.

Acompanhamos o noticiário da região, notadamente de Piracicaba, Santa Bárbara e Americana, e fico alarmado – somente eu? – com a frequência de acidentes envolvendo motocicletas. Muitos com vítimas fatais, mortes.

George Doi, amigo paulistano de longa data e pensador inveterado, dialogou comigo sobre a complexa questão, na capital com situação muito mais grave, e agora ainda tentando regularizar Mototaxi por aplicativos! Ele entende que “falta regulamentação mais rígida quanto à circulação de motocicletas, cuja maioria de condutores simplesmente ignora a legislação de trânsito.”

A motocicleta como meio de transporte é interessante. Ágil, permite liberdade de ação, é muito mais barata que o automóvel, manutenção idem, consumo de combustível também. Assim, cada dia mais motos circulando entre carros e caminhões, para as mesmas ruas e estradas.

Penso que o futuro passa por faixas exclusivas para esse tipo de transporte, necessariamente construídas à implantação de novas vias arteriais de tráfego mais intenso. Mas, teremos? E até lá?

O estímulo é tanto que fica difícil conter em nossa própria família o uso desses veículos perigosos. Há muita atração. Meu ortopedista contou uma vez que sua filha, jovenzinha, começou a falar em ter uma “motinho” para uso urbano, trechos curtos, etc... Ele falou. “Sim, mas primeiro você vai comigo de manhã fazer uma visita no hospital onde atuo. Vai ver algumas vítimas de acidentes na utilização de motocicletas”. E foi desta forma que a mocinha freou o seu ímpeto.

São alarmantes os custos de hospitalização e tratamento (normalmente longo) na recuperação de acidentados no trânsito. O SUS tem estatísticas que comprovam a triste realidade.

Os motoboys são vistos como desrespeitadores das normas de trânsito. Eles ganham quase sempre por serviço prestado, e precisam de rapidez nas suas entregas, que crescem absurdamente, estimuladas pelo período de pandemia. Prestam bons serviços, facilitam nossas vidas, mas se expõem perigosamente. Suas vidas não podem ser tão expostas ao risco; o veículo de duas rodas não tem proteção, exige cuidado extremo ao pilotar, obediência às normas de trânsito e o respeito de todos nós, motoristas de veículos de quatro ou mais rodas.

A agilidade das motos nos surpreende, nos ultrapassam sem serem notados. Para aumentar a percepção de segurança, alguns alteram seus escapamentos gerando mais barulho (outra infração), outros usam a buzina, naquele bip bip bip desagradável “avisando” que estão nos passando pelo corredor, entre carros.

Assim, temos situação de complexa solução. São vários fatores a contribuir para chegarmos a isso. A moto virou uma “solução acessível” para quem não pode pagar por carro ou transporte coletivo. Infraestrutura urbana ruim. Poucas cidades com faixas exclusivas ou política séria de proteção ao motociclista. Fatores comportamentais de todos os lados – motoristas de carros e caminhões desrespeitam o espaço das motos, e muitos motociclistas se arriscam demais, por pressa, falta de treinamento, fiscalização, etc. A formação de motoristas e motociclistas poderia ser mais aprofundada para melhorar a prevenção. E por último a fiscalização não pode ser frágil, branda. Há que se manter campanhas permanentes de conscientização e também punições.

O que não podemos é nos acostumarmos com “mais um corpo no asfalto” a espera de socorro, ou do furgão do IML, cena mórbida que não deve ser banalizada. Esse luto coletivo não faz parte do cotidiano brasileiro. Como li nalgum lugar um dia, cada moto que passa acelerando parece-nos um pedido de socorro. Pensem nisso!

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