O trabalho como fonte de felicidade


 O trabalho como fonte de felicidade

>>>  Como é prazero ouvir de alguém que é feliz no trabalho, tem prazer no que faz. Parece que a pessoa nem trabalha. Mas nem todos conseguem aliar a busca do sustento, da subsistência, com o prazer pela atividade. O texto tem a pretensão de uma reflexão propositiva. Importante.   

                                                                                          

                                                                                             -  Celso L. Gagliardo –

Conquanto para alguns o trabalho é fardo pesado a que se submete para sobreviver, para outros é fonte de prazer e motivação de vida. Alguns até se aposentam e não querem parar pois têm o trabalho como uma questão existencial.

Um velho amigo que atua há muitos anos em empresa de Recursos Humanos me procurou para refletirmos sobre o trabalho e a felicidade, ou seja, caminhos que possam nos levar a um estado de satisfação ao executarmos as tarefas diárias.

De início eu lhe disse que é muito simples. Basta listarmos o rol de tarefas que nos dão prazer, e buscar vaga ou trabalho compatível. Ponto final, eis um trabalhador feliz!

A tecnologia - que já eliminou tantos postos de trabalho - vem avançando e ajuda a melhorar o humor nas tarefas diárias à medida em que tira uma série de tarefas repetitivas e até sob risco de acidentes ou agressões ambientais. Em contrapartida, a força de trabalho precisa se preparar mais para ser qualificada às novas funções, de mais pensar e menos executar.

Mas voltemos à questão central. O que nos dá genuína satisfação no trabalho, nos faz nele sentir valor e realização? Quais tarefas executo com a percepção de “quero mais”, e não a de “que hora isso termina e posso ir embora”?

Felizmente temos vocações e estilos diferentes. Muitos ainda não se voltaram para o seu interior, em exercício de autoconhecimento, e ficam sem clarear o perfil e suas tendências dominantes.

Alguns são naturalmente ótimos negociadores, gostam de expor, vender ideias e produtos, no trabalho ou no convívio familiar. Há outros que se escondem e até se envergonham para oferecer um produto qualquer. Uns são talhados para trabalho operacional e repetitivo, favorecido por instruções e normas claras. Outros adoram desafios de pensar, pesquisar, trabalhar em laboratórios utilizando o máximo de seu raciocínio lógico. Há aqueles típicos de cargos indiretos, de apoio, coordenação e controle. Há aqueles da velocidade, produção lá em cima, e outros mais cadenciados e focados nos detalhes, na Qualidade.

A formação escolar acaba sendo também um indicador que direciona a força de trabalho. Por exemplo, se a pessoa é um Técnico de Informática a tendência é a de vir a se colocar (e ser feliz) nessa mesma área. A decisão pelo curso profissionalizante antecipa o olhar interior e ajuda a delinear a melhor diretriz profissional.

Há pessoas que desde cedo se manifestam muito, se comunicam bem, gostam de apoiar e decidir, e isso indica caminho voltado para um cargo de liderança. Comandar quase sempre implica em gestão de pessoas, ter paciência para planejar e saber se colocar no lugar do outro. Há pessoas que estão na contramão desses requisitos pois são racionais puras e vigorosas, nalguns momentos até explosivas e com bons resultados na execução operativa.

Enfim, é preciso autoconhecimento, identificar paixões e interesses. Em qual tipo de atividade nos damos melhor para vida laboral de mais satisfação. Mas não é somente isto. José Herminio Scachetti, outro amigo da área de RH, também opinou lembrando de que no início de carreira, primeiro emprego, dificilmente a pessoa estará à vontade para saber o que mais lhe convém como profissão. Vai aceitar de certa forma o que conseguir, e depois virá a evolução profissional, o desenho de seu perfil, novos cursos e aprendizados, até descobrir o que realmente mais lhe agrada. Ele cita também possível conflito de interesse se o profissional tiver que decidir entre o que não lhe agrada muito e pode lhe trazer melhor remuneração, ou se quer trabalhar necessariamente na área que mais gosta mesmo sabendo que não terá a mesma recompensa salarial.

Há, também, outros pontos a considerar para termos satisfação no trabalho, como o meio ambiente – o estilo da empresa, valores, recompensas, a equipe, lideranças adequadas e não tóxicas, metas desafiadoras e não matadoras. E por aí vai no exame de clima. Houve evolução na composição dos ambientes corporativos. Hoje há mais profissionalismo e respeito e isso ajuda completar a sensação de pertencimento, de estar inserido e trabalhar com alegria, entusiasmo, vontade de dar aquele passinho a mais que o esperado no cumprimento das tarefas.

Outra constatação é a de que muitos gostam parcialmente de seu trabalho, de uma parte apenas e detestam certas tarefas de seu rol de atribuições. Enfim, não é tão simples atingir alto grau de felicidade no trabalho. Depende de uma série de fatores, sendo o principal se conhecer e empenhar-se à realização do sonho profissional. E àqueles que fazem serviço que não lhes agrada muito, sem condições de mudanças, há o consolo de poder aprender a gostar pois sempre haverá um lado positivo em qualquer atividade.

Descobrir e acertar a vocação e conseguir atuar naquilo que dá entusiasmo pode ser um processo desafiador, mas também muito gratificante porque passamos a maior parte de nossa vida útil no trabalho.

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