Uma régua para medir cargos e salários
UMA RÉGUA PARA MEDIR OS CARGOS E OS SALÁRIOS
>>> Segmento especializado do setor de Recursos Humanos (Gestão de Talentos, modernamente), descrição, avaliação de cargos e desempenho sempre me acompanharam na profissão de RH, desde os tempos de Indústrias Romi. Aqui, falamos da atividade e homenageamos os colegas dos velhos tempos, boas recordações.
Uma régua
para medir cargos e salários
- Celso Luís Gagliardo –
O empreendedor de um negócio com poucos funcionários sabe muito bem como remunerar cada um deles. Tem o apoio do salário normativo, ou seja, o piso salarial estabelecido pelas respectivas convenções coletivas de cada categoria, e a partir dele executa sua particular gestão. Uns pagando estritamente o valor mínimo da classe, outros se diferenciando um pouco e procurando com isso manter e motivar os melhores profissionais.
À medida em
que os negócios avançam, novas funções são incorporadas à organização. Ela
cresce e, por vezes, surgem reclamações de injustiça interna, ou seja, que um
trabalhador “ganha mais” que outro que executa trabalho de menor complexidade. Há
autores de gestão de Recursos Humanos que asseguram que pagar um pouco menos
que o mercado não gera tanta insatisfação quanto praticar injustiças entre
valores relativos, pela facilidade de comparação.
Iniciei
minha carreira em RH nas Indústrias Romi, na área de Remuneração, onde fui
treinado, com apoio especial do saudoso José Lázaro de Morais. Com facilidade na
redação, fazia entrevistas com ocupantes dos cargos e os descrevia nos padrões
da casa, levantando informações para análise e avaliação, com base em fatores
num manual com graus de escolaridade, experiência, responsabilidade por
qualidade, riscos à segurança pessoal, esforço físico, complexidade das
tarefas, responsabilidade pelo produto (se errar, o que acontece), por
supervisão e liderança, etc. Esse manual tinha uma ponderação, e o valor do
ponto era estabelecido, tudo baseado em modelos matemáticos, área em que eu
tinha dificuldades, supridas pelos colegas e engenheiros.
Necessário
ressaltar que a avaliação do cargo culminava com a totalização de pontos que
remetia à respectiva faixa salarial. E que essa avaliação não tinha relação com
o desempenho individual, que era medido por outra ferramenta cujo resultado
integrava a regra de reajustes por mérito, ou seja, quanto melhor o desempenho
e a posição salarial “inferior” na faixa, maior o percentual de reajuste por
mérito. É isso mesmo, eng. Eduardo Mucke?, meu diretor à época e hoje reconhecido
orquidófilo absorvido pelo seu lindo cultivo de orquídeas.
Tentando
explicar mais didaticamente: O trabalho de análise de cargos e salários é como se
criássemos uma régua para medir os valores inter-relativos, as distâncias entre
uma posição de trabalho e outra, conforme os seus graus de responsabilidade,
complexidade, escolaridade exigida, tempo de experiência necessário, supervisão
recebida ou exercida, para cada agrupamento de tarefas que se constitui um
cargo. Uma forma de tirar um pouco a subjetividade de um gerente ou diretor decidir
quanto pagar com base no “eu acho”.
Mas, e os
valores de mercado? Fazíamos ou participávamos também de pesquisas com empresas
com similaridade de mão de obra e porte, para conferir nossas posições salariais
e/ou de benefícios versus às do mercado. Essas pesquisas eram tabuladas
estatisticamente, estabelecendo-se medianas ou médias, e os quartis para cortes
de extremos.
Essa área
especializada de RH pode, também, executar várias outras tarefas de apoio à
gestão de pessoas, como pesquisas de clima, desenhos de progressão em carreira
administrativa, operacional, ou de cargos para áreas técnicas e de liderança, a
tal carreira em Y, etc.
O que vai
relatado é com base em nossa gostosa rotina de trabalho há mais de quatro
décadas, certamente facilitada agora pela tecnologia disponível, e aqui me
recordo com saudades de alguns do setor, além do Morais primeiro chefe, dos
colegas Pastrelo, Nazato, Felício Polla, Icassati e outros.
Hoje
participamos de grupo de whatsapp onde se concentram alguns dos “dinossauros”
de Salários e RH do passado, vínculos que se mantém. Minha homenagem aos
companheiros do DEASA de outrora, o Desuó, Brasil, Mário, Carlos Henrique,
Magnusson, Zequin, Furquim, Ariovaldo, Claudinei, Sebastião, João Ferreira, Junior,
Gazetta, Alcides e outros, alguns inclusive que já se foram. Representavam
grandes corporações como Bosch, IBM, 3M, Caterpillar, Cobrasma, Varga,
Fumagalli, Romi, Dedini, Krupp, Marck Sharp, Singer, Rhodia, Wabco, Phillips,
Texas, Clark, Gessy Lever, Invicta, Bendix, Ripasa, etc.
O tempo
passa célere e ficam as grandes e boas recordações de jornadas que preencheram
nossas vidas, nos deram formação profissional e sustentação à alma e à vida.
Essa atividade foi meu berço na área organizacional, após a vivência inicial
desde menino nas oficinas tipográficas e redações de jornais de Santa Bárbara.
“Aproveite cada momento único que a vida te
deu. O tempo é um trem só de ida, e as lembranças te permitem sentir o gostinho
do que passou e não volta mais” (Raquel Piffer).
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