A noite em que choveu coxinhas ...

                                                                                     

     

Causos, 2

     A noite em que choveu coxinhas

Esse fato que virou um causo aconteceu na bela Piracicaba. Cidade do rio famoso, sempre muito simpática e acolhedora. A filha iria fazer prova de um curso da FGV - Fundação Getúlio Vargas, tendo sido designado um local nessa cidade.

Ela ouvira que perto do local da prova tinha um estabelecimento que fazia "a melhor coxinha do mundo". E todos nós ficamos com "água na boca", afinal trata-se de iguaria muito apreciada, embora calórica. O horário era favorável.

Fui designado para levá-la, dado que tinha outro compromisso naquelas bandas. E lá fomos nós no final da tarde e início de noite procurar essa tal padaria (na verdade, mais que uma Padaria), um local bem frequentado, com mesinhas e pratos diversos, além de salgados.

Feito o pedido, não demorou muito e nossos pratos chegaram e estavam sendo apreciados com vagar, que no sentido gordofóbico quer dizer de-li-cio-sa-men-te. De repente, chega um casal com filhos menores, olham as mesas e perguntam algo para o garçom. E foram se sentar do lado de fora, bem em nossa direção, separados que estávamos apenas por um vidro.

De repente, ouve-se vozes mais altas, gente exaltada. Era o homem que acabara de chegar, questionando por que teria que pagar algo que não concordava, talvez a taxa de 10% se consumisse no local. A consulta inicial deve ter sido sobre encomenda para viagem, mas mudaram de ideia.

A família dele já estava alojada na mesa de fora e o alimento posto à mesa. Clima esquentando, apareceu o gestor da casa tentando articular, mas nem ele conseguiu acalmar o cliente nervoso. Imaginei que ali rolariam uns tapas e socos, e até me posicionei por razões de proximidade e defesa. O rapaz, de pé, ameaçava brigar e eu nem sabia direito o motivo.

Num instante de possível lucidez o agressor iminente optou por encerrar o episódio de maneira menos violenta, embora não menos constrangedora. Catou com as mãos todas as coxinhas do prato de sua família e as arremessou com força para dentro da casa, e em nossa direção. Lógico, não fomos atingidos porque o vidro resistiu ao impulso das coxinhas, que se explodiram na parede transparente, escorrendo massa de batata e fiapos de frango e catupiri por todo lado.

Ato contínuo o moço reuniu a mulher e filhos e dali partiu, cantando pneus. Parecia ainda irado, rubro, mas vingado. Os clientes da casa se entreolharam assustados com a cena tragicômica, lamentando o ocorrido pelo clima desagradável que se instalou, e pela cena triste daquele pai descontrolado na frente de filhos pequenos. O rapaz não devia estar bem, nunca sabemos.

Passado o susto ficamos rindo, e muito, da situação que é sempre lembrada como a noite em que choveu coxinhas ao nosso lado.

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