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O texto abaixo não é uma crônica e sim
uma apresentação que fiz para uma saudosa prima que morou na Holanda, e que ao
procurar aprendizado da língua, amizades e vida naquele País, foi fazer um curso
há mais de 30 anos, nele se encontrou e se tornou conhecida pelo realismo de
seu trabalho, numa época em que essa arte era restrita, ninguém quase a conhecia.
Chegou a vender suas bonecas até para a Rede Globo no Brasil. Não mexi no
texto que ela utilizou nos seus contatos no Brasil e que divulgo aqui como homenagem a essa prima disposta e irreverente, daquelas
pessoas que a gente se recorda sorrindo. Saudades, Ilza !
Brasileira fez sucesso na Holanda criando Bebês Reborn
Meu
nome é Ilza dos Santos Schijff, nasci em São Paulo, Brasil. Há vinte anos sou
casada com um holandês, o Kees. De nossa união vieram três filhos. Minha paixão
pela arte de conceber, manualmente, bonecas, nasceu aqui, na Holanda.
A
decisão de morar definitivamente na Holanda, foi muito difícil para mim.
Vivíamos o ano de 1989, crianças pequenas, eu sabia das dificuldades de
adaptação, especialmente pela complexidade da língua holandesa, e pelo clima –
muito diferente daquele que estávamos acostumados no Brasil.
Mas
a vida nos deu felizes compensações. Chegando à Holanda, nossos filhos foram a
“ponte” para a minha integração social. Através de seus coleguinhas, fiz
amizades com as mães, fazendo logo relacionamentos que me foram importantes.
Sem
falar a língua nativa diretamente, utilizava da criatividade para a
comunicação. E foi um período em que fiz de tudo em trabalhos manuais: pintava,
bordava, fazia arvorezinhas, patchworks, etc.
Num
belo dia, uma das novas amigas me convidara a participar de um curso destinado
a desenvolver a habilidade de confeccionar bonecas. E, a partir desse momento,
nascia dentro de mim uma paixão especial. Tinha um objetivo determinado: fazer
bonecas.
Inicialmente
fazia bonecas-fantasia. Ainda hoje lembro-me com saudades dos momentos que
passamos com as amigas, ansiosas pelo aprendizado, cada dia procurando acertar
mais as técnicas apresentadas.
Mas
novos rumos se impuseram em nossas vidas. Compromissos profissionais do meu
marido fizeram-me mudar para outra região da Holanda, deixando para trás uma
gostosa saudade ao relembrar o calor humano daquelas senhoras, que tanto apoio
nos deram na chegada ao tão friorento quão bonito país.
Chegando
a Amersfoort procurei pessoas que trabalhavam com bonecas e tive a felicidade
de conhecer uma senhora que é bastante conhecida pela sua habilidade, tanto na
Europa como nos Estados Unidos. Ela faz bonecas de massa, que secam
naturalmente e, o melhor, ela ensinava a sua técnica refinada. Depois de
algumas aulas, comecei a fazer as bonecas sozinha, e descobri a massa sintética
Modelene e Cernit, possibilitando a condição de conceber bonecas que se parecem
muito com crianças e bebês.
Somente
após modelar muitas bonecas é que consegui coragem suficiente para me inscrever
numa feira de arte em Amersfoort. Com os nervos “na garganta” comecei a expor
as bonecas e, graças a Deus, foi um sucesso. Recebi muitos elogios e, de
repente, uma senhora perguntou quanto custava determinada boneca e, melhor
ainda, acabou adquirindo a peça, o que me encheu de orgulho e me motivou ainda
mais nessa missão artística.
Depois
dessa Feira seguiram-se outras, e as vendas aumentam cada vez mais. As nossas
bonecas agora são comercializadas em vários países da Europa e, para nossa
satisfação maior, desde o ano passado as bonecas estão sendo vendidas também no
Brasil. Através da FEIARTE, de Curitiba, tive a oportunidade de apresentar as
bonecas no meu País, onde as reações estão sendo muito positivas. Acabei sendo
entrevistada por diversos órgãos de televisão e jornais, inclusive
comercializei dez bonecas para o departamento de produções da Rede Globo, que
mostrou o meu trabalho em programa da apresentadora Xuxa Meneguel.
Encerrando
esta apresentação, acrescento que a arte de fazer bonecas nasceu de uma
necessidade imposta pela mudança cultural e adaptação a um novo mundo. Hoje,
esse “hobby” vai se transformando em atividade profissional já que me dedico em
tempo integral a essa maravilhosa arte, inclusive passando a contar com o apoio
de minha irmã, no Brasil.
As
expressões de admiração e entusiasmo que as pessoas nos passam ao descortinar
os traços fisionômicos peculiares que conseguimos dar aos bebês-bonecas é que
me impulsionam nessa emocionante carreira de muita dedicação e trabalho.
ILZA
DOS SANTOS SCHIJFF
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