Há 55 anos, Roberto Carlos parou em Santa Bárbara. O carrão quebrou-se...




Andanças de Roberto Carlos na região e o dia que seu carro quebrou-se na Monte Castelo

                                               -  Celso Luís Gagliardo –

A vida é feita também de imprevistos, circunstâncias inesperadas. Tanto para nós, mortais, quanto para as celebridades, gente de muita fama e recursos.

O cantor e compositor Roberto Carlos foi frequentador regular da região de Piracicaba e Águas de São Pedro, em determinada fase de sua carreira. Era uma espécie de refúgio, talvez para buscar a paz e fugir do assédio que já tomava conta de sua vida, pelo sucesso na histórica fase da Jovem Guarda.

A proximidade de São Paulo, a tranquilidade reinante na região, os recantos bucólicos e as propriedades rurais, gente do campo, certamente inspiravam o cantor para suas novas composições, fazendo-o ver e sentir “além do horizonte”. Estamos falando das décadas de 60 e 70.

Por isso, até hoje o “rei” tem amigos daquele tempo, como o radialista piracicabano Antonio Carlos Tedeschi, que muitas vezes o acompanhou em Piracicaba e nas incursões ao Distrito de Artemis, à beira do Rio Piracicaba

Roberto alugou, e depois comprou, um rancho para se abrigar no recanto. A história conta que foi em Artemis que ele compôs “Amada Amante” em homenagem à primeira esposa, a saudosa Nice.

Moradores mais antigos de Águas de São Pedro também relatam momentos e histórias da estada de Roberto Carlos e família na Estância. Diversas vezes a esposa Nice e os filhos ficaram hospedados no Grande Hotel, enquanto o cantor fazia shows, e depois retornava. Na foto histórica, cedida pelo aguapedrense Francisco Claret Sorrila, Roberto aparece ao lado de Chido Guirotti e do Cabinho, que era garçom no Grande Hotel.

E foi numa dessas andanças de São Paulo à região que Roberto Carlos precisou parar numa avenida de Santa Bárbara              d'Oeste. Naquele tempo não havia a rodovia SP-304 contornando a cidade, e assim, todos aqueles que se dirigiam à região de Piracicaba tinham que passar por dentro de Santa Bárbara.

Roberto dirigia sentido Piracicaba, e subindo a avenida Monte Castelo teve uma pane no seu carro, um Jaguar E-Type, com problema na mangueira do radiador. Isso aconteceu no dia 29 de julho de 1970, portanto há 55 anos. Roberto se dirigiu ao bar do Pascon com a esposa Nice, e começava o burburinho em torno de sua presença.

Ali, perto do bar, havia a casa comercial Auto Peças Romaninho, do ex-prefeito Isaias H. Romano, que morava sobre a loja. Para evitar tumulto, Romaninho convidou o casal para ficar em sua casa enquanto seria providenciado o conserto do veículo. Eles foram e ficaram muito à vontade, inclusive o artista pediu um violão e cantou algumas músicas àquele privilegiado pequeno grupo de pessoas da família Romano, e alguns vizinhos. Enquanto isso, consta que o mecânico Waldomiro Satti, conhecido como Meia-Noite, tratou com carinho do carrão do rei.

Mesmo com toda a discrição possível, foi preciso um esquema especial para a saída do casal do apartamento anfitrião. Roberto e Nice entraram num veículo dentro da loja e foram retomar o Jaguar consertado no início da estrada da Usina Santa Bárbara, pois era muito grande o número de pessoas em frente ao imóvel dos Romano.

A ocorrência acabou sendo considerada na cidade pelo inusitado e pelo sucesso estrondoso até hoje na carreira de Roberto Carlos, uma das vozes musicais mais tocadas na América do Sul, sendo o artista com mais álbuns vendidos na MPB, cerca de 120 milhões de unidades.

E a data de 29 de julho ficou então marcada pela inesperada parada-visita de Roberto a Santa Bárbara d´Oeste, onde profissionalmente se apresentou uma única vez e bem no início da carreira, no antigo Cine Santa Rosa.

Podemos dizer que o carro parou e nasceu uma história. O rei partiu, mas aquele instante ficou e deixou memórias que passeiam entre nós, até hoje...

                                                                 

                   Roberto Carlos e Nice com Romaninho e amigos, na parada inesperada em Santa Bárbara.

Recordação dos tempos do hóspede Roberto Carlos no Grande Hotel de Águas de São Pedro.

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