Leny. Partiu em silêncio quem tanto escutou
LENY. PARTIU EM SILÊNCIO QUEM TANTO ESCUTOU
- Celso Gagliardo -
A morte, megera indomável, chega inexorável. Regra imutável e certeza que não apreciamos porque a gente se apega, as relações felizmente geram afeição e amor, e a separação sempre é dolorida, chega rasgando elos.
Nossos feitos, as relações construídas, trabalhos realizados, gols marcados e mesmo perdidos, família e bem praticado são marcas que vão constituindo o nosso currículo de vida, formando uma teia de realizações e de afetos que impactam duramente a quem fica nos momentos da separação física.
Assim foi com a professora, dona Leny A. Pagotto Boer. Tive poucos contatos com ela, mas por ampla repercussão conheci os valores dessa americanense por título, que fez muitos fãs-alunos nas escolas Monsenhor Magi, Heitor Penteado-Presidente Kennedy, Dom Bosco e Centro Universitário Salesiano, em Americana.
A vida de educador, por si só, é ou deveria ser muito bem avaliada e considerada pois ensinar é servir, dedicar-se à formação e ao desenvolvimento de outros. E Leny não foi somente a mestra referência em educação em Americana, por isso homenageada pela Câmara Municipal ainda em 2007 com o título de Cidadã Americanense, além de ter o seu nome perpetuado como nome de Escola Estadual no Jardim Boer.
Seus olhos viram além. Não apenas ensinou gerações a conjugar verbos, ela fazia escuta com empatia. Corrigia frases e suavizava dores. Esse seu lado desenvolvido acabou levando-a à Psicanálise, quando pode ampliar ainda mais a vivência com a alma, com o interior das pessoas, sempre buscando minorar sofrimentos.
No mundo individualizado e de pouco tempo livre, ela conseguiu motivar pessoas de seu entorno e criou há muito tempo um Grupo de Relaxamento que ainda leva dezenas, até centena de pessoas toda semana, nalgum salão da cidade, onde sua palavra era sempre a mais esperada, embora todos fossem convidados a participar.
Leny não foi apenas mestra das palavras. Era mestra do afeto, da escuta, da espiritualidade desenvolvida que não se impõe, mas acolhe. Ouviu tantos, sem pressa e sem julgamento. Tinha olhos e coração para receber pedidos e desabafos de pessoas por vezes aflitas pelos infortúnios que se nos acometem, invariavelmente.
Muitas das tantas mensagens de homenagens póstumas que lhe foram dirigidas tinham o sentido de gratidão, de reconhecimento e admiração.
A professora mais que professora se despediu, mas suas lições humanas, profundas, invisíveis continuarão ecoando por muito tempo, dentro de cada um que a escutou.
Leny Boer compartilhou sabedoria, ofertou ternura, espalhou o bem e deixou exemplos. Uma missão que foi honrosamente cumprida.
celsogagliardo.blogspot.com
Comentários