O que desejar para o Ano Novo
>>> Períodos de fim de ano são especiais. Eles nos inspiram, aumentado a sensibilidade, como se nos fortalecesse para manter a esperança. E confraternização, cada um ao seu jeito e possibilidade. Da bonequinha de pano à viagem transoceânica. Das festas pagãs ao fiel cumprimento das práticas cristãs com a vinda do Menino Jesus e seu significado. Vamos, aqui, juntos pensar no que desejar para o Ano Novo.
O que
desejar para o Ano Novo
- Celso Gagliardo –
Há algumas
décadas, em dezembro, procurávamos nos cartões de Natal e Ano Novo as mensagens
mais adequadas para enviar, pelos Correios, ao amor, aos amigos e familiares.
A forma
mudou radicalmente, mas ainda há em nós o sentimento de que a mudança de ciclo
impacta fortemente, deixando os corações mais sensíveis, tempo de avaliação e
reflexão profundas.
Vivemos época
de mudanças rápidas, transformações impostas pela tecnologia, e nos costumes.
Relações intensas e ao mesmo tempo fluídicas.
Os mais
maduros que nos leem lembram-se da calmaria do passado, e dos efeitos do Natal
e Ano Novo na vida da gente. Aquela sensação de que algo novo viria, um presentinho
talvez, uma boneca ou bola de plástico ou uma roupinha nova, uma mesa pouco
mais farta, as visitas de alguns parentes distantes, a expectativa revivida em
presépios e nos templos pela chegada do Menino Jesus, a Missa do Galo...
O tempo
passou e a vida melhorou. Sim, materialmente houve palpável evolução. Temos
muito mais hoje que no passado. Os jovens não têm noção de como seus
antepassados viviam – casas simples, muito andar a pé ou de bicicleta, roupas e
comida triviais, escola e saúde públicas predominante. Atualmente temos mais
acesso a bens de consumo e de capital, pelo poder aquisitivo e pela
disponibilidade desses bens.
Todavia a
evolução material parece não ter sido proporcional se aferido o índice de
felicidade individual. Vivemos um complexo de disputas bobas e pueris, uma
comparação desvairada, lutas insanas pelo poder, vaidades exacerbadas,
desavenças em grupos e mesmo no seio das famílias, com afastamentos silenciosos
que calam fundo na alma. E a desestruturação familiar que é uma das causas de
doenças emocionais.
Estamos
dizendo isso para pensarmos no que desejar ao outro (e a nós, mesmos!) no novo
ano que se iniciará logo mais. Que ele tenha saúde, felicidade, amor...
logicamente, mensagem padrão que vimos colocando há anos. Talvez tenhamos que acrescentar
algo mais amplo, uma quase oração para que uma luz Divina possa nos abençoar de
forma a sensibilizar de fato os seres humanos a mudar comportamentos e para
convivência de fraternidade, solidariedade e paz. Que essa força maior
contamine a sociedade à vivência harmônica, de competição saudável e conforme
os mandamentos de Deus. Que possamos nos ajudar mais para vivermos melhor e
feliz. Não basta longevidade com sacrifícios extremos, com medicamentos
controlados a permear nossas vidas.
Sei que
leitores poderão me acusar de pessimista. Mas é um sentimento real que tenho,
que me inquieta. Para onde estamos indo? O lado otimista é acreditarmos na
virada de chave, sermos um pouco empáticos utópicos em busca do equilíbrio, da
felicidade. E quem sabe a especial energia que invade nossos corações nessas
datas possa ser o agente para essa transformação.
Ariano
Suassuna, do alto de seu espírito elevado e sensível, disse que “o otimista é
um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.
Feliz Ano
Novo. De pequenos sonhos que se transformem em realidade. Da mudança verdadeira para uma vida melhor,
não apenas pelos seus aspectos e valores materiais. Sem perdermos a esperança.
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