Sensação de insegurança predomina há décadas

 


 Há mais de 30 anos escrevi para o Correio Popular de Campinas este artigo, aqui em recorte que me enviaram, retratando a sensação de insegurança da população em geral. Hoje as condições da polícia estão um pouco melhor, mas nossa percepção de insegurança aumentou. Principalmente com o avanço do tráfico de drogas e o crime organizado chegando aos vários segmentos sociais.                                                                                      A violência em torno

                   - Celso Luís Gagliardo -

Está muito em moda, nos dias que correm, a discussão sobre violência. A cidade outrora pacata, onde todos se conheciam e se cumprimentavam, vive hoje a crise do medo.

As conversas à noitinha, na soleira da porta, foram para o rol das recordações, e as pessoas desconfiadas vão se trancafiando em prédios que privilegiam a segurança, contra a liberdade e o conforto do cidadão que paga tributos, de várias formas.

Todas as cidades reclamam da insegurança. É comum o noticiário policial tecer críticas às autoridades “pela falta de segurança”. O crime ousado não é privilégio ou monopólio de Piracicaba, Santa Bárbara, Americana, Sumaré ou Campinas.

Sem querer navegar por teses sociológicas que poderiam tratar causas da violência urbana, a verdade é que as pessoas estão mais violentas de uma forma geral. O cidadão pacato, de repente, no meio de um grupo, ou multidão, fica feroz, agride verbal e fisicamente, se mostra rebelde. A juventude parece mais amarga, ou amargurada, e também agride à sua maneira.

Até a segurança dentro dos clubes recreativos é questionada, reflexo do que vai pela sociedade como um todo. O espetáculo deprimente no Dia das Crianças, entre torcedores do Guarani e do Corinthians, em Campinas, é retrato fiel do que passamos.

A verdade é que o Estado se tem mostrado incapaz, de acompanhar o aumento populacional e o índice de ocorrências. As autoridades policiais reclamam sempre da falta de recursos e os marginais se aprimoram até em aparatos eletrônicos. Surgem, por vezes, denúncias de corrupção contra policiais, o que denigra a imagem da instituição e compromete seriamente o que é manter a lei e a ordem.

Os baixos salários pagos à maioria de corporações chegam a ser imorais. No Estado mais rico da Nação um delegado de polícia precisa trabalhar quatro meses para ganhar o equivalente ao salário mensal de seu colega lotado em Brasília, ou três meses para totalizar o salário de um delegado gaúcho.

O fenômeno do crescimento da violência precisa ser melhor estudado. Ele ocorre, também, em países onde há qualidade de vida e menores distâncias sociais, melhor distribuição de renda. Se a violência está sendo incorporada ao ser humano, generalizadamente, há que se ter uma saída, sendo a Educação certamente um caminho.

Os mortais já eleitos, e aqueles a serem eleitos em 15 de novembro, terão uma dura missão nesse campo. A população quer o fim da impunidade e sente que o aparelho estatal é deficiente e desmotivado. Um estadista inglês, de nome Benjamin, falecido em 1881, escreveu que “o homem não é produto das circunstâncias. As circunstâncias é que são produzidas pelo homem”.                  


Comentários

Sérgio disse…
Texto atemporal - até quando? Para aonde caminha a humanidade?

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