Uma foto, a Usina e o CAUSB

 


>>>  As mudanças são inevitáveis. Vivemos em ciclos e nada adianta lamentarmos certas transformações que o tempo, os negócios, a economia, o crescimento impuseram. A Usina Santa Barbara reuniu alguns encantos que nos deleitam até hoje. O campo do CAUSB, pequeno e aconchegante, o grito característico das mulheres atrás do gol, a cabine de rádio construída em madeira, e um time bom de bola marcaram um tempo, gostosamente. É o que tratamos aqui a partir de uma foto postada em rede social pelo Ju Euphrásio. 

Uma foto, a Usina e o CAUSB    

                                                                                    - Celso Gagliardo -

Domingueira de sol, pessoas chegando, bilheteria aberta, vendedores de pipoca e a bandeira azul, vermelha e branca ao vento indicavam que haveria futebol no gramado do Estádio Luizinho Alves, da Usina Sta. Bárbara. A pioneira rádio Brasil se posicionava na cabine de madeira com o locutor Benão se preparando para a narração.

Lembrei-me desse cenário ao ver a foto triste que o Zé Renato Euphrásio, o Ju de família-raiz da Usina, postou na rede social. O que restou do campo do CAUSB, um alambrado enferrujado, mato e gama. Como toda a Usina de doces lembranças como o açúcar que produzia às toneladas, os equipamentos também feneceram, incluindo o templo católico, cinema, ambulatório e colônia de trabalhadores.

A Usina Santa Bárbara marcou uma geração. Muitos trabalharam, ou tiveram parentes que trabalharam ou ali prestaram serviços. Ir a pé, de bicicleta, ou no ônibus do Vadô para a Usina era um passeio entre lindos flamboyants. Outro registro é do cheiro de vinhoto (falavam melado) já na região do chamado Santão.

A empresa patrocinou o futebol no início dos anos 60. Foi ali que, garoto, comecei a ver jogos e acompanhar o time. Que começou forte na 3.a divisão do Estado, e se tornou campeão no ano seguinte, ascendendo à 2.a Divisão. Lembro-me perfeitamente da bola rolando naquele tapete  onde hábeis jogadores bailavam. Por outro lado, quando o time adversário atacava ouvia-se gritinhos de desespero da torcida feminina atrás do gol do grandalhão Tito ou do fortinho Gilberto Muniz.

O CAUSB reuniu bons jogadores. Ancorado no excelente livro “A Memória do Futebol Barbarense” editado pelo J.J. Bellani e disponibilizado na Internet pela Fundação Romi,  podemos citar Natal Prando, Pote, Josué, Zé 21, Cabrito, Galo Claus, Mosquito, Nadico Galter, Enéas ponta esquerda, Nivaldo Surge, Lelé, Mauri, Oscarlina, Serelepe e tantos outros. Muitos deles já no outro plano, reverenciados agora num preito de saudades.

Bateu uma certa nostalgia ver o portão enferrujado e um pasto abandonado, reminiscências do que foi o Estádio Luizinho Alves, de memoráveis jornadas. E deu esta crônica de recordações, das boas.







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