Entre a Gerência e os trabalhadores
- CELSO GAGLIARDO -
Ensanduichado entre as gerências e os trabalhadores, o supervisor (também chamado Encarregado, Líder, Coordenador, entre outros apelidos) é parte integrante do conjunto de cargos estratégicos para os resultados das organizações.
Há
anos nos deparamos com dificuldades dentro das empresas, exatamente pela má
seleção e falta de treinamento de pessoas alçadas a cargos de comando, às vezes
simplesmente porque operários com desempenho destacado e fiéis escudeiros
patronais são guindados à posição de líderes, onde passam a conviver com
dificuldades, stress e desconforto funcional.
Premia-se
o bom trabalhador operacional com o jaleco do comando, desconsiderando-se os
requisitos básicos para a posição, como escolaridade, flexibilidade, jogo de
cintura, habilidade para tratamento com subordinados, paciência, determinação,
sensibilidade, análise crítica, enfim, preparo para as mais diversas situações
que o novo cargo exige.
Mandar
é diferente de executar. Para
materializar o que foi delegado pelo acionista junto ao nível de operação, é
preciso planejar, controlar, motivar, treinar, aplicar integralmente os
recursos existentes, atingir resultados e metas, ser o porta-voz da companhia, dar
e receber feed backs, elogiar, advertir, aconselhar e apropriar-se de fato da
administração dos conhecidos quatro emes da Administração de Empresas
: Materiais, Máquinas e Equipamentos, Métodos e Processos e Mão-de-obra -
funções indelegáveis de cada nível de liderança, dentro do respectivo conteúdo
ocupacional.
A
cada dia que passa os desafios são maiores. Ao mesmo tempo em que as empresas
são impelidas a metas mais ousadas para se manterem competitivas, os líderes
vão se deparando dentro das fábricas com uma força de trabalho questionadora,
não submissa porque cidadãos participantes e integrados anseiam ser ouvidos e
entendidos de forma diferenciada, conforme o estágio de motivação individual.
Portanto,
é preciso que as organizações passem a investir mais na formação e
desenvolvimento das habilidades desse nível intermediário de comando; quase
sempre há um vácuo entre a cúpula dirigente (diretores e gerentes) e os líderes
imediatos, não engajados no “clube da
gerência” e à margem do foco de informações da organização.
E,
acrescente-se, a rotina do processo produtivo é sustentada pelos líderes, que
se debatem com os trabalhadores a todo momento, muitas vezes ao longo de
noites, madrugadas e fins de semana, falando em nome da empresa, incentivando,
prevenindo ou corrigindo não conformidades, mudando comportamentos,
exigindo disciplina técnica, fazendo a qualidade do produto e a qualidade do
ambiente conforme padrões modernos e suas normas regulamentadoras e
certificações.
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