Não quero ser o Chefe...


Não quero ser o Chefe...

                                                                                                              - Celso Gagliardo –

Um dia, conversando com ajudantes e operadores sobre Sistema da Qualidade para descrever com eles suas operações e envolvê-los nos objetivos, ouvi de um deles que “não era pago para pensar”. Levei um susto, respirei fundo e puxei pela tal empatia. Por que será que ele pensa assim?

A resposta pode não ser tão simples, mas uma análise rápida baliza que ele quer limitar-se a executar em repetição as tarefas que lhe foram ensinadas. Nada além disso. Isso já se extinguiu? Um mundo que se altera tecnologicamente a cada ano comportaria hoje esse perfil profissional?

Se ainda temos operacionais com essa mentalidade de cumpridor de tarefas repetitivas, o que dirá aquele operador mais experiente e hábil, resolvedor de não conformidades, de exceções de padrões, que venha a ser cogitado para se tornar Líder da seção?

É usual transformarmos o melhor técnico em Líder, um reconhecimento ao bom desempenho, justiça interna. Mas, todos aceitam, “de boa”? Damos a eles a chance de optar por não ser promovido?

Parece absurdo pensarmos que alguém não quer ter o destaque de “chefe”, ganhar mais e outras recompensas, preferindo ser executor? Sim, é possível, e devemos respeitar o posicionamento.

No comando as exigências se alteram, o foco não é apenas na produção e qualidade do produto ou serviço. O promovido passa a ser “dono” do negócio em determinado nível, tem que se comunicar com a equipe, distribuir o trabalho, cobrar produtividade, qualidade, alertar, treinar, advertir, elogiar. Ouvir e dar feedbacks constantemente e ainda cuidar do meio ambiente.

Há profissionais que detestam essas funções, querem distância de abordar colegas em nome da organização do trabalho, enfim não querem esquentar muito a cabeça, pensar em vários temas ao mesmo tempo, sofrer com estresse de responder pelas metas e trabalho de outros.

Poucos falam abertamente disso, mas é prudente aceitar a negativa sob pena de perdermos um bom técnico-operador e ganharmos um Líder “meia boca”, que cumprirá mal e porcamente suas novas responsabilidades.

Comentários

Sérgio disse…
Sim, ..." prudente aceitar a negativa "...
O sucesso e competência em uma fase, pode encaminhar para a incompetência na próxima fase promovida.

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