Ressonância. Exame que lembrou a música Era um garoto...

 


Ressonância – exame que lembrou a música “Era um garoto...”


                             - Celso Gagliardo -


O passar do tempo e a vida de sênior — cada vez mais longeva, graças à modernidade e a uma boa dose de comprimidos diários — trazem também alguns momentos de apreensão: exames, expectativas e aquela ansiedade exacerbada pela espera dos resultados.

Eu, que nunca fiz questão de correr para consultas médicas e tampouco nutro prazer em experimentar as últimas novidades tecnológicas na área da saúde, acabei me rendendo. Precisava fazer uma ressonância magnética para conferir a situação da próstata.

É claro que antes dei uma espiadinha no doutor Google. Ele ajudou em algumas coisas... e aumentou minha apreensão em muitas outras. Mas, ouvindo a voz da experiência (e o eco da minha consciência), marquei o exame mesmo com o risco da Covid ainda figurando na bolsa de valores e desvalores da vida cotidiana.

Ressonância Magnética, descobri, é um método de diagnóstico por imagem que não utiliza radiação e permite retratar, com alta definição, o que há por dentro de nós — sem cortar. O equipamento nos “enxerga” e vai mapeando ponto a ponto, registrando tudo para que os especialistas decidam o tratamento e a conduta de cada caso.

As atendentes, enfermeiras e médicos — sempre atenciosos — tentam nos acalmar, medindo nosso nível de apavoramento antes de nos inserirem naquele tubo estreito e semifechado. Como o equipamento produz um concerto de ruídos metálicos, entregam-nos um protetor auricular. Eu, precavido, perguntei:

— Eu vou caber aí dentro?

A moça sorriu:

— Agora vamos ver...

Durante o exame, permaneci tranquilo. Não dormi porque o barulho é forte, quase monocórdio. Cheguei a cantarolar baixinho: “Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones...” — ratatatatatatatá... Entre um ciclo e outro, alguns segundos de silêncio reparador. Depois, a máquina voltava a martelar, e às vezes até “picotava”. Pensei: “Agora deve estar acabando...” — mas o fim não chegava nunca.

Foram sessenta longos minutos ali, sob contraste e uma medicação para manter os órgãos internos quietinhos. Antes, perguntaram se eu autorizava o contraste.

— Tenho alternativa? — retruquei.

Enfim, sobrevivi ao exame. E divido aqui, neste espaço democrático (isso existe?), a experiência.

Ah, e graças às forças da Bondade Superior, o resultado foi “negativo” para malignidade. Mais um temor, ou melhor, tormento, que vive à espreita para nos assombrar.

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