O emaranhado das Relações Humanas que pulsa nos Condomínios

 


O emaranhado das Relações Humanas que pulsa nos condomínios

                                              - Celso Gagliardo -                           

Nunca foi fácil a manutenção de relações harmoniosas nos ambientes sociais, familiares, profissionais. Ultimamente, com o avanço da tecnologia e a própria Pandemia, parece que a situação de dificuldades se ampliou, ainda mais com a contaminação pela polarização ideológica que nos assola.

Na vida profissional os ruídos são aplacados pelo interesse na manutenção do emprego, o que pode levar ao sofrimento. Muitos preferem se omitir, não se manifestar, contrariamente à sua natureza, para não se comprometerem ou contrariar setores importantes.

O ser humano é construção permanente. Genética, cultura familiar, ambiente social em que interage, formação escolar, vínculos religiosos e políticos vão moldando nossa forma de ser e de pensar. E assim nos constituímos em sociedade múltipla, com inúmeras correntes de pensamento, preferências, o que constitui a grandeza do ser humano, plural, criativo, com suas diferenças que bem colocadas podem formar um time poderoso, cada um com sua contribuição individual.

O problema é quando entram em cena intolerância, vaidade, egoísmo, esperteza, violência. Quando queremos que APENAS nossa ideia prevaleça. Quando afastamos aqueles que não leem na mesma cartilha. Quando não praticamos a empatia, sem entender as diferenças que nos permeiam quer sejam étnicas, culturais, econômicas, linguísticas, de gênero, entre outras.

Deus pediu que amássemos o próximo como a nós mesmos, mas os desvios da fragilidade humana seguem firmes, desafiando a razão e desordenando o coração.

Em muitos espaços de convivência — e os condomínios horizontais, verticais, mistos, fechados, abertos são um exemplo claro — o que deveria ser um exercício de cooperação e harmonia transforma-se, tantas vezes, em palco de desavenças.

Ali, onde a união pela boa causa — a conservação do patrimônio e a paz cotidiana — deveria prevalecer, vê-se seguidos conflitos, disputas e até malquerenças.

A figura do síndico, - função que representa doação, serviço comunitário e preocupação, - vira paradoxalmente objeto de disputa acirrada. Artimanhas, jogadas de bastidores, fofocas e dissimulações se multiplicam, e os que apenas observam tudo isso sentem tristeza por tanta energia desperdiçada. E, ainda, muitas vezes exposta (e ampliada) com o recurso da comunicação em grupo, o Whatsapp.

Não raro, o que era para ser simples convivência de objetivos comuns vira até processo judicial. E fica a lição: talvez os condomínios sejam apenas o espelho da sociedade — um grande conjunto habitacional da alma humana, ainda aprendendo a viver em paz consigo mesma.

O psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, criador do conceito de comunicação não violenta, apregoa que deve atender os passos de: Observação – somente observar, sem enquadrar em certo ou errado, sem julgamentos; Sentimentos – entender como cada situação faz-nos sentir; Necessidades – reconhecer as necessidades relacionadas aos sentimentos; Pedido – pedir algo específico e claro.

São ideias que nos permitem observar o outro com um olhar mais humano e conviver com o contraditório de maneira mais empática e harmoniosa, reduzindo assim o caos em que nos vimos nalgumas situações, e buscando as desejadas relações construtivas.

Quando conseguimos exercitar a melhor condição relacional o ambiente melhora, e o amadurecimento permite, inclusive, que sejamos assertivos em conversa franca e respeitosa de alinhamento para aplacar conflitos, com ponderação e esclarecimento. Sem acusações, violência e exigência de predominância de um único ponto de vista.

O caro leitor já se viu nalguma enrascada por conta do calor das relações humanas? Será que este velho escrevinhador está carregando demais na tinta que mancha relações por besteiras, por vezes? Pensemos!

- O autor atuou em Comunicações, Gestão e Recursos Humanos –

25 out 2025



Comentários

Sérgio disse…
Relações humanas - uma incógnita - nunca se consegue descobrir a fórmula correta para que todos se dêem bem.
Anônimo disse…
Sim. O cerne desta questão quase sempre é a falta de empatia, às vezes até de educação permeada por individualismo; há condôminos que querem só as facilidades do Cond. e ignoram as normas internas, cidadãos estes que não deveriam, então, optar por Condominios.

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