Os Jornais em nossas vidas
Jornais em nossas vidas; nascem e morrem todo dia – Silvia H. Bastelli Gagliardo –
No dia 7 de novembro, o jornal mais antigo do País, o Diário de Pernambuco, em Recife, completou duzentos anos de fundação. Um marco espetacular.
Fui influenciada pelo meu pai a ler jornais desde a infância. Ele assinava, lia e nos repassava O Liberal, de Americana, e a Folha de S. Paulo, da capital.
Além dele, havia no Ginásio Vocacional o professor de Estudos Sociais, Newton Cesar Balzan, que nos estimulava a leitura diária dos jornais, sempre expostos nos corredores da escola para alcançar o maior número possível de alunos.
O hábito permanece até hoje. E muitas das minhas aulas de inglês eram atualizadas por meio de textos jornalísticos que eu traduzia para o inglês. Uma vez, um ex-aluno me disse que se tornou um feliz historiador graças à nossa insistência para que lessem jornais.
Talvez esse estímulo tenha influenciado também o colega vocaciano Aureliano Abel Biancarelli, que se tornou um jornalista ilibado, com passagem pela redação da Folha e por tantas outras publicações. Consagrado por reportagens marcantes — como as de Serra Pelada e da área de saúde —, tem ainda livros publicados e uma trajetória admirável.
Nosso amigo Antonio Carlos Angolini, dedicado ao levantamento da história, costuma enaltecer o papel dos jornais como ricos depositários dos fatos relevantes de cada comunidade, fonte de consulta permanente.
Quem entra na sala de leitura do jornal O Liberal e se depara com aqueles inúmeros armários, guardando 73 anos de edições encadernadas, fica imaginando tudo o que vivifica ali: a vida da cidade, seu pulsar, seus fatos, alegrias, tristezas, nascimentos, mortes, progressos e desatinos.
Os jornais também nos conectam com outros povos, integram, ampliam nossos horizontes. Infeliz aquele que acredita ser perda de tempo ler jornal. A boa leitura é fonte inesgotável de atualização e progresso intelectual.
Fica a nossa homenagem pelo bicentenário do Diário de Pernambuco, e a todos aqueles bravos que lutam pela manutenção e sobrevivência dos jornais — produto vulnerável que nasce e morre no mesmo dia, de altíssima obsolescência, sempre a exigir um eterno recomeço. E que hoje ainda enfrentam o dragão da Internet, que chacoalha suas estruturas e impõe novos investimentos, novos comportamentos e novas linhas editoriais.
– Professora de Inglês –
(21 nov 2025)
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