Natal e Ano Novo, entre sonhos, resoluções e utopias


Natal e Ano Novo, entre sonhos, resoluções e utopias

                 – Celso Gagliardo

Já não há árvores com algodão nos galhos, nem cartões escritos à mão, alguns até perfumados. Mas os panetones, sempre eles, avisam cedo: é tempo de Natal. E ele chega.

Chega nas ruas coloridas, nos centros iluminados por milhares de lâmpadas que desenham encantamento e nos conduzem, quase sem perceber, ao nascimento do Menino Deus.

O comércio aquece, os restaurantes também, embalados pelo sopro do décimo terceiro. Costumo brincar que o “problema” do Brasil se chama abono natalino. Se houvesse mais vezes ao ano, talvez o consumo respirasse melhor, há desejos represados, há renda mal distribuída, há sonhos esperando vez.

Forma-se um clima de contentamento. Ficamos mais sensíveis. A memória nos leva à infância, às expectativas pelo Papai Noel (e às inevitáveis decepções), àquela sensação de que algo novo se aproxima, um lampejo de esperança capaz de esticar os planos da vida.

Para alguns, porém, o fim de ano traz nostalgia. Ouvi outro dia alguém dizer que “não vê a hora de as festas passarem”. Talvez porque este tempo também convide a lembrar — com saudade e gratidão — dos que partiram, mas deixaram marcas que ainda nos ajudam a caminhar.

A vida segue. Como deve ser, gostosamente. O ano termina, outro começa. Agenda nova, calendário limpo, o tempo apenas trocando de roupa.

Há rituais: roupas brancas, pés na areia, barcos, pulos de ondas, romãs, ceias fartas. Cada qual celebra à sua maneira, quase sempre acompanhado de uma lista de resoluções: sérias, sonhadoras ou bem-humoradas.

Daqui do nosso canto, numa pesquisa caseira e afetiva, entre utopias e desejos possíveis, fazemos figa desde já para que:

… consigamos reencontrar o verdadeiro sentido do Natal: celebrar o nascimento de Jesus Cristo, o amor que une, salva e convida à fraternidade;

… a vida seja leve para todos, sem sobressaltos, sem tragédias, sem extremos que nos façam sofrer;

… tenhamos saúde, que a lista de remédios não cresça e que as dores do tempo não nos impeçam de caminhar;

… o país encontre caminhos de pacificação, menos gritos, menos polarização vazia, mais gente de boa índole cuidando do bem comum;

… plantemos ao menos uma árvore, e aprendamos a respeitar a Natureza, antes que o crescimento desmedido nos sufoque em silêncio;

… o Corinthians nos faça sofrer menos (e pague suas dívidas, por caridade);

… o União Barbarense encontre uma saída digna, salve seu patrimônio e dispute com honra o que vier pela frente;

… o futebol brasileiro reencontre com Ancelotti identidade e alegria, e volte a nos dar motivos para acreditar;

… cultura seja acesso, não assistencialismo disfarçado, e os teatros permaneçam sendo lugar de encontro e reflexão nos espetáculos gratuitos, sem exigir para ingresso doações em sacolinhas; 

… o lixo vá para o lixo, as ruas sejam respeitadas e a cidade agradeça;

… talentos da escola pública encontrem portas abertas para seguir estudando, com bolsas para o ensino Superior;

… os gestores públicos deem exemplo em zeladoria antes de cobrarem cidadania dos contribuintes;

… o trânsito seja menos agressivo e mais humano, sem pressões sobre quem respeita as normas;

… educação e segurança sejam prioridades reais, sufocando o crime organizado e o tráfico de drogas, não apenas promessas;

… o crescimento das cidades - torres, empreendimentos imobiliários - venha acompanhado de infraestrutura e cuidado com quem nelas vive - água, tratamento de efluentes, mobilidade urbana, segurança, saúde, ensino...;

… possamos conhecer um lugar novo, nem que seja logo ali, depois da esquina;

… cuidemos melhor de nós mesmos, do corpo e da alma;

… aprendamos algo novo, num livro, filme, na internet, na natureza ou na vida;

… nosso olhar seja solidário, e nossas mãos disponíveis para o próximo que precisa momentaneamente;

… 2026 nos presenteie com boas memórias: de praças, livros, filmes, viagens, de família, filhos, netos, amigos ou simplesmente de estar;                                                                                                                            sejamos mais gentis conosco, menos duros nas cobranças, mais atentos ao que realmente importa num mundo tão apressado e superficial.

E você,

se encontrou nessa lista?

Na fé.

Feliz Ano Novo. 🌟                                                               - 15 dez 2025 -

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