A dura espera pelo retorno de entrevistas de seleção
- Celso Gagliardo -
Você caro leitor já esteve procurando emprego? Já foi
submetido à bateria de testes, entrevistas e exames para preencher uma vaga?
Creio que a maioria que tem ou teve uma atividade profissional passou por essas
fases, naturalmente.
A questão que colocaremos é o respeito do contratante para
com o candidato. E esse contratante muitas vezes nem é o próprio dono da vaga,
ou seja, a empresa tem a vaga e paga para uma consultoria especializada
encontrar um profissional que atenda ao perfil da vaga e lhe enviar dois ou
três candidatos entre os mais adequados.
Candidatos são abordados de diversas formas. Alguns
trabalhando, outros em desemprego. Esses, certamente mais ansiosos e
esperançosos pela recolocação no menor tempo possível. Uns tem reservas financeiras, são os
previdentes. Outros, mais preocupados pois o recurso é curto para esse período
de travessia turbulenta sem trabalho.
Quando o contratante agenda uma entrevista o candidato vai
esperançoso. Flerta com a vaga, estuda o perfil da empresa no caso de vaga
aberta. Muitos se preparam virtualmente, simulando perguntas e respostas.
Pesquisas são realizadas no infindável mundo da informação internética. O
currículo foi longamente pensado.
Enfim, há todo um clima. Pensa-se inclusive na roupa
adequada para a entrevista. Seja na empresa, seja na sala que o headhunter
indicar.
Quase sempre há cordialidade no contato. Entrevistas quando
bem conduzidas são verdadeiros momentos de crescimento e aprendizado. E o
candidato percebe quando a conversa fluiu bem, que sua performance atendeu às
expectativas, até por alguns sutis acenos do entrevistador.
Não há decisão no ato. É um processo de seleção, por vezes
lento. O candidato vai embora pensando nas perguntas, em suas respostas, nas
reações do entrevistador e chega a se imaginar na empresa, fantasiando um
pouco, gostosamente. Enfim chega em casa esperançoso, otimista, conta para os
mais próximos e fica na espera.
Aguarda...aguarda....aguarda. O tempo passa e nada. Seria
normal tanto tempo para a decisão? Será que vale a pena uma abordagem? Não
seria por isso considerado invasivo? São dúvidas que surgem. Semanas vão se
sucedendo e a esperança vai se reduzindo. Mas a dúvida fica lá, no arquivo de
pendências. Espera cruel, quase torturante. E nenhuma resposta, nem mesmo um
lacônico e-mail ou WhatsApp para dizer que a “escolha
recaiu sobre outro candidato com o perfil mais adequado para a vaga”.
Em minha vida profissional ouvi muitas reclamações
pela falta de feedback. O candidato se sente ultrajado, pois deu o seu melhor
esforço e atenção e não consegue saber depois o que aconteceu: Se a vaga foi
cancelada, se outro foi contratado. Se ele não foi bem num determinado momento
do processo. Se a questão é a remuneração.
Deixar de dar um simples retorno é uma falha que não
poderíamos esperar principalmente se estamos diante de especialistas em gente,
pessoas da área de Recursos Humanos (RH). Sabemos que o tempo é sempre curto
para todos os compromissos, mas nada justifica a falta de um contato de
finalização, mesmo que por whatsapp ou e-mail, que são mensagens rápidas. A
tecnologia é usada para filtrar candidatos e deve também ser aliada para contar
o que aconteceu.
Quem está em busca de trabalho, batalhando uma vaga, pode
estar fragilizado. E, se ainda fica a “ver navios e num mar revolto” é muito cruel. Seria bom se
os entrevistadores praticassem mais a empatia, se sentindo no lugar dos
candidatos para sempre dar uma satisfação final pelo menos àqueles que foram
para entrevistas, dinâmicas, preencheram chatíssimos questionários, longos formulários
digitais, testes.
Isso é o mínimo, e simboliza um
muito obrigado especial. Um agradecimento ético.
( 15 set 15 )
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